Por Vanessa Campos
Todo ano faço a mesma coisa... faço um balanço do ano. Hoje quem me acompanhou foram as ondas do mar. Pode ser que meu desejo seja que, assim como as ondas, esse ciclo por fim se acabe e leve tudo de ruim.
2020 começou cheio de esperança, leve, equilibrado. Fazia muito tempo que não me sentia tão bem. Tão realizada. Sabe quando tu olhas para tua e vida e pensa: “Bah Vanessa, isso aí! Valeu a pena toda a luta desses anos. Todo o esforço. Dedicação! Agora tu aproveita o momento e relaxa! Tu mereces!“
Se existe algo que eu aprendi nessa vida é que não temos o controle sobre ela. Nunca pensei que passaríamos por uma pandemia. Não vou relatar tudo para vocês , porque vivemos as mesmas situações. De março para cá, tenho a sensação que entrei numa montanha russa- aquelas da Disney- no escuro. Aquelas que tu ficas na fila horas e nem sabe bem ao certo o que esperar. Se tem looping, ou o que for. Entra no carrinho, coloca o cinto e vai filha! Um misto de emoções! Das mais intensas, até mais agoniantes.
Foram fortes e distintas emoções. Fazia muito tempo que não sentia tanta preocupação. Comigo, com quem eu amo, com meus pacientes, com à população mundial. E medo então? Fazia tempo que as incertezas e inseguranças não me assombravam. Me entristeceu muito ver tudo o que eu vi. Um sentimento de impotência pode ser. Lá pelas tantas pensei... “Deu né ?! Para tudo! Quero descer! Quero a vida normal de volta!”.
Não sou uma pessoa que sente tristeza, mas esse ano eu senti. Pelas famílias que perderam seus entes queridos, pela ignorância e egoísmo humano, pela incapacidade de alguns em se colocar no lugar do outro. Pela pobreza de amor pelo próximo. Sim... me senti só! Me salvei no meu trabalho, na minha família, nos meus fiéis amigos e, principalmente, na minha rotina.
O mais bizarro é que não foi um ano ruim, foi duro. Sofrido, solitário, reflexivo. Digo que evolui mais um passo no meu autoconhecimento- me atrevo até em dizer que um dos aprofundamentos mais doloridos que tive. Sei que é quase brega mas sou grata. Estar em paz na solidão pode ser o evento mais libertador de todos! Enfrentar os fantasmas! Fortalecer a alma!
Termino o ano com um sentimento de missão realizada. Cansada dessa longa caminhada mas com a certeza que estou no caminho certo! Sempre me questiono se as escolhas foram as melhores. Isso nunca saberei - foi o que tinha que ser e assim vamos reescrevendo a história.
Hoje, vendo o mar ... a dança das ondas... sua força e naturalidade, agradeço por tudo o que vivi... fecho os ciclos desse ano... e já estou cheia de esperança por um ano de paz e equilíbrio.
Agradeço do fundo da minha alma as pessoas que me deram amor- sem isso eu nada seria! E já vou parando por aqui ... porque quem me conhece sabe que é entre lágrimas de alegria, emoção que compartilho isso com vocês.
Um beijo,
Se cuidem.
Psicóloga Vanessa Campos
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