Por morar em Porto Alegre ela estava se sentindo muito mal. Águas da enchente por todos os lados. E ela, isolada em seu apartamento cobertura em Capão da Canoa já estava exaurida de tanto noticiário ruim.
Este mês de maio realmente não combinava com seu estilo, seu alto astral e seus investimentos financeiros. Não era pobre nem rica. Uma cidadã da classe média apavorada com o movimento apocalíptico que seu estado estava tomando.
Não havia regras e até a Nasa já estava estudando causa e efeito deste aguaceiro todo. Na TV engenheiros e técnicos propunham ensinamentos para abrandar o fenômeno. Não era fácil resolver. Enquanto pessoas e casas no interior do Estado eram literalmente engolidas pela fúria das águas de maio.
Teresa mergulhando no problema dos tempos modernos encomendou por Sedex um livro para entender tudo. Chamava-se “A terra inabitável”, de autoria de David Wallace Wells. O livro assustou Teresa, que já em profundo desespero, viu que o problema aumentaria. Que a humanidade estaria fadada a extinção.
E não conseguiu, estarrecida de medo, chegar ao fim nem do terceiro capitulo. O globo terrestre daqui para a frente, estaria dividido entre seca total e outra parte em inundações, na qual sua Porto Alegre esteve e estaria submetida. Triste notícia para Teresa. A situação se repetiria com mais intensidade. Sua projeção era de ânimo, mas concluiu que deveria chorar.
David Wallace Wells, o autor do livro, vê uma mudança climática radical no Planeta Terra. Cita problemas: calor letal, fome, inundações, incêndios, piora na qualidade do ar, desertificação, morte dos oceanos e colapso econômico. E concluiu: “Se não revolucionarmos completamente a maneira como bilhões de seres humanos vivem, grande parte do planeta se tornará inabitável até o fim deste século”. Teresa fechou o livro e chorou copiosamente.
Texto publicado originalmente no veículo de comunicação: https://www.diariodeviamao.com.br/ana-davila-sera-a-extincao/
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*Ana D'Avila
Jornalista, cronista e poetisa.
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