Por Luis Pissaia*
Há alguns meses estamos vivenciando uma nova realidade, a do isolamento social causado pela pandemia da Covid-19 que se encontra a plena ampliação até então, dia em que escrevo esse texto. E nesse período de isolamento, uma das coisas que mais me espantou enquanto observador foi o apelo pela produtividade excessiva nos aspectos pessoais e profissionais.
Observo atento a comentários de pessoas próximas que se encontram em um momento de grande exaustão física e mental por idealizarem que o isolamento social seja extremamente produtivo, criando problemas graves quando as metas não são atingidas. Nesse contexto, um percentual representativo da população brasileira vem se adequando a realidade do trabalho remoto, dividindo as atividades profissionais com as necessidades da família e do lar em geral, criando situações de muita ansiedade.
O isolamento social está sendo considerado um desafio para grande parte da população, enquanto alguns perderam o emprego ou viram suas demandas de trabalho diminuir drasticamente, outros estão sobrecarregados com a voracidade do mercado em acomodação.
Conduto, todos possuem algo em comum, a necessidade de administrar o lar/ambiente de trabalho de modo que seja um espaço agradável para a realização de todas as atividades.
E, as atividades incluem o trabalho formal, que migrou para o domicílio, a faxina, a responsabilidade de manter a alimentação adequada, os cuidados com o ambiente externo passível de contaminação e a realização de atividades de lazer. Em alguns casos ainda há o gerenciamento das atividades escolares e lúdicas dos filhos, bem como a divisão do espaço de trabalho com o próprio conjugue.
A pressão aumenta quando o indivíduo busca realizar inúmeras tarefas que estão pendentes há tempos, como organizar todos os armários nunca visitados na antiga rotina. Além dos armários, temos as atividades físicas atrasadas, e os cursos de formação profissional, que todos queremos fazer, pois no pós-pandemia é necessário estar mais e mais capacitados do que nunca!
E a pressão psicológica aumenta, pois o “estar” em casa na maioria das vezes não significa o acréscimo de tempo disponível para a realização de todas as atividades desejadas. Logo, estamos todos sobrecarregados novamente, e o pior, em meio a uma pandemia que não possui data prevista para findar, e a crise econômica e política acenando à janela de modo que a insegurança impera.
A reflexão proposta não incentiva ao comodismo em relação à realização de atividades nesse período, pois há armários que precisam ser organizados, quilos que poderiam desaparecer do corpo e cursos atrasados no portal da universidade. Mas, a ideia é que o foco ganhe espaço nas atividades a serem priorizadas no momento.
A existência de foco destina a prioridade necessária para cada atividade a ser realizada independente do espaço. O tempo, os recursos e a necessidade devem ser mensurados objetivamente como um planejamento estratégico de vida. É de vida! Pois o pessoal e profissional nunca estiveram tão misturados e atuando em conjunto.
Vejo amigas em reuniões com o filho sentado ao lado fazendo as atividades escolares, ou o esposo se exercitando ao fundo. E provavelmente esse cenário nunca havia sido pensado.
Dessa forma, qual a produtividade necessária para o momento? Eu, não sei! Mas, você sabe! Reflita e pense de maneira estratégica no foco que precisa articular para sair dessa crise fortalecido.
Sobre o autor:
*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia
COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP
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