Por Luis Pissaia*
Caro leitor, você já se questionou sobre o aumento de resíduos gerados em sua casa? Acredito que sim! Podemos iniciar com o simples ato de isolamento social que trouxe consigo uma rotina restrita em domicílio e manuseio de materiais potencialmente descartável.
Em todo o Brasil é indicado o aumento de demandas referentes à delivery por parte de estabelecimentos diversos, como farmácias, supermercados e restaurantes, demonstrando a preocupação e consciência do consumidor sobre o atual cenário de crise sanitária. Contudo, a preocupação também deve girar em torno do descarte dos resíduos gerados em domicílio, sobretudo na separação correta desses materiais que não eram utilizados anteriormente na nossa rotina.
Conforme uma estimativa divulgada pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a quantidade de resíduos sólidos domiciliares deverá ter um aumento de 15 a 20%, por conta da ampliação do isolamento social e desenvolvimento da rotina pessoal e laboral no próprio domicílio. De fato, ao quantitativo de aumento estimado, não são contabilizadas as toneladas de resíduos despejadas em espaços públicos diariamente, que elevam o potencial de contaminação do ambiente.
A discussão que relaciona o período pandêmico e o aumento na produção de poluentes é tangível sob o aspecto da cultura populacional de separação e manuseio dos resíduos produzidos em domicílio. Cultura esta que espelha certa dificuldade em se manter presente no cotidiano dos lares brasileiros, tornando vívido o empasse entre ambiente e indivíduo, sob o arcabouço do cuidado coletivo.
Quando menciono o cuidado coletivo, lembro imediatamente da máscara descartável e a ampla disseminação desse material de proteção como medida de controle da transmissão da Covid-19. Várias são as campanhas que reverberam a construção da própria máscara reutilizável de tecido, justificando a necessidade de restringir o uso do material descartável pelos profissionais da saúde.
Contudo, qual o cenário que observo na rua? Máscaras descartáveis jogadas na sarjeta, que se juntam com folhas secas caídas no outono e que demonstram uma nova realidade na conjuntura social em que estou inserido.
Dessa forma, torna-se incompreensível o cuidado que a população possui em utilizar a máscara de proteção e ao mesmo tempo o descuido de descarta-la no meio ambiente, prejudicando não somente a si, mas a toda a comunidade local.
Assim, a reflexão não é contra o período pandêmico e a sua consequente geração de resíduos, fomentados pelo isolamento social e uso de máscaras descartáveis, mas pelo pensamento imprudente da população frente ao descarte desses materiais no conjunto social em que residem. A premissa que destaco a partir da reflexão baseia-se na necessidade de articular as boas práticas sociais, com a coerência a políticas públicas de proteção ambiental.
Por fim, caro leitor, a pandemia e o meio ambiente são de responsabilidade da coletividade, sendo esta dependente das ações individuais de cada cidadão para o seu combate e proteção, respectivamente.
Sobre o autor:
*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia
COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP
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