Por Luis Pissaia*
Há alguns meses presenciamos a pandemia da Covid-19 se alastrando pelo mundo, as taxas de óbito alarmaram o continente europeu e trouxe à tona a vulnerabilidade do ser humano perante a crise sanitária. Acredito que a tensão aumentou no Brasil nesse mesmo período, pois observamos alguns países desenvolvidos com dificuldades de conter a disseminação do vírus e o pior, a carência de serviços e tratamento capaz de barrar os agravos decorrentes da doença.
A seguir, os casos iniciaram no Brasil, e em questão de dias entramos em isolamento social, a rotina mudou drasticamente, bem como todo o mundo a nossa volta. As aglomerações foram banidas e o uso da máscara se tornou imprescindível para a proteção individual e coletiva da população.
Nesse contexto, parte da população transferiu suas atividades laborais para home office, as instituições de ensino em sua grande maioria virtualizaram as aulas, colocando os grupos familiares restritos no domicílio e a mercê das reviravoltas emocionais. Os sentimentos de medo e ansiedade tornaram-se presentes perante o contexto social em que a pandemia encontrou o país, a crise política agrava e polariza os governantes e a população fica vulnerável ao vírus e a economia instável do momento.
As incertezas sobre o futuro colaboram para o aparecimento de crises de ansiedade, stress e medo, amplificando situações já diagnosticadas e prejudicando o bem-estar do grupo familiar, principalmente pelo isolamento físico e mental. A pandemia está servindo como gatilho para desencadear inúmeros outros sentimentos e situações críticas que percorrem as problematizações já existentes na realidade humana.
Não há um modelo correto ou diferenciado que sustente e garanta o nosso bem-estar nesse momento de crise sanitária, pois as simbologias que constroem o ser humano são diversificadas e únicas, cada gatilho é fruto da vivência histórica do indivíduo. Em meio a toda a situação de caos instaurado em nosso meio, vários são os exemplos de superação dos sentimentos negativos e manutenção da estabilidade emocional.
A prática mais comum e que vem ganhando adeptos diariamente é a atividade física, as diversas modalidades e finalidades são disseminadas pelas redes sociais em tutoriais ou lives, que aproximam profissionais especializados com a população em geral. Algumas práticas como a yoga e a meditação se destacam no contexto, principalmente por trabalharem os aspectos emocionais em conjunto com os movimentos corporais.
A realização dessas práticas desenvolvem muito mais do que a atenção plena ou respiração, mas conduzem para a compreensão livre e simples do meio em que nos encontramos, sobretudo na aproximação com os indivíduos que nos cercam, fisicamente ou virtualizados. Quando observamos o Outro sob o mesmo patamar de realidade e inserimos novos valores e aproximações afetivas, a compreensão torna-se evidente e tornam a empatia real e palpável como propósito social.
Dessa forma, ao compreender a si e ao Outro, somos capazes de compreender o momento e facilitar a transição para o pós-pandemia. Negar a situação é o mesmo que tirar o nosso Eu de cena perante a crise, a estabilidade momentânea gerada pela negação é suscetível às necessidades humanas e logo se torna evidente a presença dos sentimentos negativos. Assim, a impermanência da rotina contemporânea cria novas conexões com as possibilidades de mudança e controle emocional, cada indivíduo é capaz de mobilizar forças para alterar o contexto.
Sobre o autor:
*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia
COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP
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