Por Luis Pissaia*
Como sobreviver em um mundo individual? Eis uma das perguntas mais contundentes dos últimos meses. O isolamento social causado pela pandemia da Covid-19 tornou o cotidiano carente de companhias e distanciou as interações físicas, substituindo-as em sua maioria por momentos virtualizados.
Dessa forma, o distanciamento nas relações demonstrou um fato importante, o de que mais do que nunca precisamos criar uma mentalidade colaborativa em prol do bem-estar da população. Mesmo com todo o avanço tecnológico, presença de uma infinidade de aplicativos e redes sociais que facilitam a comunicação e aproximam os diálogos, a construção de elos colaborativos é uma dificuldade da maior parte da população.
Há uma definição antiga de que os seres humanos são seres sociáveis, justificando a necessidade de convivência em comunidade e de manter o mínimo de interações entre as pessoas. Nessa mesma linha de pensamento surge a mentalidade colaborativa, intuindo sobre a necessidade do ser humano se perceber como um indivíduo pertencente a uma comunidade global, da qual é interdependente.
A colaboração entre as pessoas ocorre no cotidiano. Uso como exemplo a relação de trabalho, quando uma equipe trabalha em prol de um objetivo e batalha para concretizar determinadas ações que foram pensadas pelo grupo. Dessa forma, os elos criados pela colaboração são firmes e embasados nos preceitos de coexistência coletiva, nos quais a responsabilização mantém as relações fortes e unidas.
O desenvolvimento desse tipo de mentalidade perpassa a aprendizagem vital, não é tão fácil como pode ser imaginado nas indagações cotidianas. O pensamento colaborativo é precedido pela valorização do trabalho em equipe e da noção de equidade entre os indivíduos que partilham da atividade ou momento em específico.
A mentalidade colaborativa busca na força do grupo a vontade de crescer e estruturar relações de efetiva participação vital. A estrutura mental que articula esse contexto é formalizada pela confiança no “outro” e na segurança de que o apoio necessário será forte o bastante para suprir as necessidades do grupo.
O indivíduo, ao pensar colaborativamente, busca a inserção efetiva na comunidade, compreendendo as necessidades latentes e praticando a sua função dentro do espaço cidadão. Em suma, ao colaborar, o grupo torna-se um único elo, fundido sobre valores intrínsecos aos da convivência humana.
Dessa forma, na sociedade contemporânea é pertinente articular a mentalidade colaborativa para conduzir ações assertivas em prol da coletividade, sobretudo nas questões pertinentes ao momento e que exigem um amplo esforço. Esse tipo de mentalidade vai ser a principal exigência das próximas décadas, pois uma sociedade individualista não é capaz de conduzir soluções resolutivas ao meio em crise.
Sobre o autor - *Enf. Me. Luís Felipe Pissaia - COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP