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Mais além do funk - Por Vanessa Campos


Estive de férias por 15 dias. Praia, sol, mar, caipirinha (cada dia provei um sabor). Acorda, se arruma, ajeita toda a tralha- e aja coisa para levar. Pega as frutas, os sanduíches... (sim sou daquelas que leva comida para a praia). Sou “farofeira” assumida com maior orgulho. Sou eu que pago as minhas contas, vou levar o que quiser. Que é uma função é. Vale a pena o sacrifício porque não tem coisa mais gostosa que ficar com o pé na areia fofa ao som do mar.


Assunto de hoje: não se pode mais ouvir o mar na praia.


Vocês podem pensar: A Vanessa não está bem? Nunca estive melhor! Plena! Lúcida! O povo no mundo é que não anda tão bem quanto parece. As pessoas perderam a noção do espaço. Ou sou eu que fiquei para trás e não me modernizei. Me sinto em vários momentos um “peixe fora d’água”. Um ET, vindo de outro planeta.


Tu senta na tua cadeira de praia, ajeita toda a tralha. Pega o teu livro elegido nas férias, abre e de repente tem um sujeito ao lado com uma caixa de som JBL (que custa uma fortuna e vai estragar com a maresia) com uma música para animar três quarteirões. Música dele! Porque ele não sabe se eu gosto dela ou não. Mas né?! Por que ele se preocuparia com o outro? Dai duas cadeiras a diante tem outro sujeito com o mesmo equipamento escutando outra música totalmente diferente. Poluição sonora é o diagnóstico. Como Senhor, que eu vou conseguir ler meu livro assim? Me respondam? Como vou tomar minha caipirinha ao som das ondas do mar?


Ok! No final do veraneio nem carregava o livro mais. Desisti. Me dei por rendida. Dai estou saindo da praia distraidamente e chuto um lixo. Uma garrafa de cerveja- long neck. Fala sério!


Nem isso minha gente? Não é possível. Respira filha e vai!!!!! Não me irritei! Essa vez fiquei chocada, triste com a falta de educação do povo. Incrível. Eu estou muito fora do padrão ou sou muito chata.


Dai para terminar com chave de ouro estou eu deitada de costas na minha canga e chega uma família de argentinos (nada contra- até queria lembrar vocês que sou argentina) simplesmente a mulher coloca a cadeira dela na sombra do meu guarda sol e se senta ali bem feliz. Juro fiquei em estado de choque. Minha filha, educada por mim, ficou me olhando tipo sem entender nada. Eu fiquei muda. E a mulher ali... colocando todas as tralhas dela na “minha sombra”. Dei um tempo para não parecer antipática hehehe e mudei o mesmo de lugar. Não satisfeita a mulher foi para e mar e pisou com tudo bem no meio do meu pé.


Se me irritei? Ainda não! Confesso que me choquei. Onde está o respeito dessa gente? Onde o mundo vai parar se ninguém cuidar dele? As pessoas usam... usufruem...não cuidam. Não se importam com o que tem ao seu redor.


Num dos dias fomos conhecer o Projeto Tamar- que cuida das tartarugas. São várias sedes. Linda a causa, salvam as tartarugas, resgatam, cuidam e devolvem ao mar quando recuperadas. É assustador a quantidade de lixo que se encontra dentro do estômago de uma tartaruga. Algumas não conseguem mergulhar para comer porque tem tanto plástico dentro de si que boiam e terminam morrendo de fome. Que absurdo. Triste! Aterrorizante!


Quem está fazendo isso? Nós! O ser humano teria que repensar as suas atitudes. Não se pode viver olhando somente para o seu umbigo, desconsiderando o outro, o ambiente. Não se pode somente usar as coisas, o mundo é uma troca. Via de mão dupla. Assim como vai, volta. Não existe uma ação sem uma reação. É a lei da física. É necessário repensar, evoluir. Poderia, então, ler meu livro na praia nas férias? Também! Iria gostar, mas principalmente porque de tanto descaso um dia, ou melhor, a cada dia estamos destruindo o NOSSO planeta. E tenho certeza que se refletirmos podemos mudar alguma atitude no nosso dia a dia para vivermos melhor.


Um beijo grande...

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