Aos 40 anos, natural de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, Kamilly Bitencourt se prepara para representar o estado do Rio Grande do Sul na categoria Curvy do Miss Universe Trans Brasil 2024. Com uma trajetória marcada pela superação e pela força, Kamilly, mãe solo de um menino adotado, tem um dos principais objetivos de sua participação no concurso: Usar a visibilidade para trazer à tona discussões essenciais sobre a adoção por pessoas trans e a inclusão de mulheres trans no mercado de trabalho formal.
“A adoção por pessoas trans ainda é vista como uma utopia, mas graças à visibilidade que o concurso proporciona, quero compartilhar minha vivência e levar essa pauta para todo o Brasil”, afirma Kamilly. Ela acredita que sua história pode inspirar outras pessoas a considerarem a adoção como uma possibilidade para formar suas famílias e mostrar que o amor maternal não conhece barreiras de gênero.
Entre seus principais objetivos como Miss Curvy, Kamilly destaca o resgate da autoestima de mulheres trans plus size. “Quero desconstruir padrões de beleza e normalizar nossas existências. A sociedade nos estereotipa, mas a verdadeira beleza não está em moldes predefinidos”, explica ela, que vê no concurso uma oportunidade de lutar pela valorização de corpos que fogem dos padrões tradicionais.
Caso seja eleita Miss Curvy, Kamilly já tem projetos sociais definidos. O primeiro deles visa à inclusão de mulheres trans no mercado de trabalho formal, enfrentando uma das maiores dificuldades da comunidade. “Apenas 5% de nós conseguem viver de forma digna no mercado de trabalho, e essa realidade precisa mudar”, ressalta. Ela também deseja liderar ações que incentivem a adoção por pessoas trans, mostrando que estas podem proporcionar lares cheios de amor e acolhimento para crianças em busca de uma família.
Kamilly também destaca a necessidade urgente de políticas públicas que incentivem a educação para a população trans. “A educação abre portas e nos leva a lugares onde jamais imaginaríamos chegar. No entanto, sem essas oportunidades, muitas de nós ficam limitadas a viver à margem da sociedade, muitas vezes recorrendo à prostituição como única alternativa de subsistência”, reflete.
Para Kamilly, o Miss Universe Trans Brasil é mais do que uma competição de beleza — é uma plataforma poderosa para contar sua história e inspirar outras mulheres trans a lutarem por seus sonhos. “Tenho certeza de que o papel principal que vou desempenhar nesse concurso será incentivar outras mulheres trans a abraçarem nossa sigla, gerando empregabilidade e assistência para que possam vencer na vida por meio de um emprego digno, afirma.
Kamilly quer ainda incentivar mulheres trans a considerarem a adoção como uma forma de constituir suas famílias e demonstrar que elas também podem ser mães amorosas e cuidadosas. “Quero levar a minha história ao mundo e mostrar que sim, podemos chegar onde quisermos. E que, se podemos sonhar, podemos realizar”, conclui.
Com uma visão determinada e uma história inspiradora, Kamilly Bitencourt entra na competição para não apenas representar o Rio Grande do Sul, mas para transformar realidades e fortalecer a luta por direitos e inclusão.
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