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A mulher no pós-pandemia

Por Luís Pissaia


Outubro, outubro rosa, saúde da mulher, assuntos que levantam discussões anualmente e que ressaltam a importância de discutir o bem-estar da mulher com foco neste mês, mas que repercute pelo restante do ano. Ao momento também cabe discutir o perfil da mulher no pós-pandemia, contextualizando com o avanço da vacinação e queda nas taxas de transmissão da Covid-19 no Brasil.



A pandemia do novo coronavírus assolou o mundo e no Brasil em especial encontrou e alavancou a crise política e econômica pela qual o país já se encontrava. Falta de investimento na rede de saúde, prática clínica e diagnóstica duvidosas, além da polarização entre os governos distanciou a população de medidas sanitárias comprovadamente científicas e até mesmo infraestrutura necessária para o tratamento e reabilitação dos casos da Covid-19.


Em todo este cenário de incertezas e contrastes próprio do nosso país continental, as pessoas sentiram na pele a necessidade de reinvenção dos modelos de trabalho, relacionamento e sobrevivência vital no momento. Em meio ao caos, muitos negócios, projetos e ideias ruíram, contudo muitos outros vingaram, sonhos saíram do imaginário e tomaram forma em um mercado que apresenta mudança nos padrões de consumo e prestação de serviços.


E por sua vez, a mulher assumiu inúmeras atividades, a de trabalhadora desenvolvendo suas atividades laborais, dona de casa ao organizar a manutenção do lar com os demais familiares, a de mestre, auxiliando os professores e a escola a desenvolver as habilidades e competências necessárias aos seus próprios filhos e entes. Inúmeros são os exemplos de mulheres que assumiram essa diversidade de papeis ao longo da pandemia que ainda perdura no país.


Dona Maria, 53 anos, separada, divide o seu dia entre organizar a casa, trabalhar em formato de home office para uma empresa de call center, cozinhar para os dois filhos, auxiliar nas aulas e atividades escolares dos mesmos, além de realizar a manutenção da casa, pagar as contas em dia e sobreviver ilesa ao momento de crise. Tudo isso em 65 metros quadrados de seu apartamento na periferia de uma cidade brasileira.


Quantas Marias vivem por esse país e quem dirá pelo mundo? Inclusive, Dona Maria não realizou os exames preventivos do câncer de mama e do colo do útero nos últimos dois anos. Os motivos foram, além da falta de recursos financeiros, a indisponibilidade de infraestrutura na cidade em que mora que possibilite o acesso aos exames e consulta profissional, além da inexistência de familiares que lhe auxiliem a cuidar dos filhos no período de ausência.


Reforço, quantas Marias existem ao nosso entorno? Quantas mulheres abriram mão da sua integridade física e psicológica para suprir as demandas familiares e sociais que o momento exigiu. E, por este motivo lembramos as Marias sobre o autocuidado, noção de bem-estar que o próprio indivíduo precisa desenvolver para a manutenção da vida.


O perfil da mulher no pós-pandemia ainda é incerto, mas talvez se assemelhe aos demais segmentos sociais que abarcam a multitarefa como forma de sustentar a família e construir uma vida digna. Acredito, e agora com olhar de profissional da saúde, que algumas dores da pandemia ainda não surgiram, pois se encontram trancadas no inconsciente da coletividade, prestes a escapar ao menor suspiro de vitalidade e retomada social que vamos vivenciar.


O exemplo que usei de Dona Maria, uma mulher fictícia, mas que espelha tantas outras serve para refletir sobre o autocuidado com o próprio bem-estar, a necessidade de lembrar que a plenitude humana é alcançada com o desenvolvimento de suas habilidades e competências, das quais precisamos de vitalidade para construir.


Mulheres, lembrem-se de buscar o seu profissional da saúde de referência e realizar os exames preventivos! Vocês são vida e merecem tê-la em sua plenitude!




Sobre o autor - *Enf. Me. Luís Felipe Pissaia  - COREN/RS 498541

Mestre e Doutorando em Ensino

Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde

Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates 

Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP

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