Por Luis Pissaia*
Caro leitor, lhe escrevo em uma noite de domingo, momento de inspiração e profundo entusiasmo com o uso de tecnologias digitais que estruturo em práticas docentes há alguns anos. Esse texto introduz parte do meu anseio pessoal e profissional em buscar a qualificação do ensino por meio do uso de modelos de aprendizagem tecnológica que beneficiem ambos os atores do processo, o docente e o estudante.
Vale a pena iniciar a discussão delimitando que esses atores citados não se encontram em espaços delimitados e com funções específicas, e sim que sua inter-relação ocorre nos espaços de aprendizagem ativa e democrática. Assim, o docente e o estudante aprendem e ensinam ao mesmo tempo, um ao outro, em processo constante de trocas e construção do conhecimento, que horas é teórico e em outras, é prático.
Contudo, essa compreensão sobre o papel dos atores é recente, vem sendo construída e estudada somente nas últimas décadas, trazendo com afinco a necessidade de responsabilizar o estudante sobre a construção do seu próprio conhecimento. Por muito tempo, a aprendizagem foi norteada por metodologias informativas, ou seja, a abordagem curricular conferia ao docente, o planejamento das aulas sob o aspecto de informar o estudante e garantir que as informações permanecessem “acumuladas”.
O efeito “cumulativo” das informações deixou de fazer parte dos métodos de aprendizagem por não ser considerado efetivo, principalmente pela carência de significados que conferem o caráter “permanente” a determinados objetos ou agora sim, o conhecimento criado. A teoria de significar a aprendizagem pode ser complementada pela ação do estudante em se “importar” com determinado conteúdo, que conforme o filósofo Mário Sergio Cortella trata de incorporar, colocar para dentro ou “importar” o conhecimento.
Esse “importar” conhecimento perpassa a significação no processo de aprendizagem que o docente e o estudante pactuam dentre os espaços e momentos de construção e interação. Costumo utilizar a denominação “construção” como um modelo ideal de aprendizagem por fomentar o contexto de processo metodológico e esforço mútuo e constante para alcançar determinado objetivo ou causa em comum.
Nesse espaço de construção do conhecimento, retomo o uso de tecnologias como forma de significar e “importar” os objetos presentes na aprendizagem dos sujeitos sociais e do mundo, já que a ampliação da visão global e o compartilhar de ideias criou o “cidadão do mundo”. Esse “cidadão do mundo” trata da sua aprendizagem como constante, e a tecnologia, agora digital é a ferramenta de uso comum e atualização permanente que foi incorporada nesse século, principalmente com a ampliação de acesso da internet móvel com o apoio dos smartphones.
Vale ressaltar que a tecnologia não se trata somente no uso de aparelhos eletrônicos de última geração, e sim de uma estrutura pensada e articulada em prol de um objetivo, constituindo as conjecturas necessárias para a sua implementação. Logo, a aprendizagem digital desperta o interesse social, principalmente o meu particular, por estudar a inserção de tecnologias nesse modelo em sala de aula.
Pois o uso de tecnologias digitais em processos de aprendizagem confere significado ao objeto apreendido, ou seja, traz o conteúdo para a contemporaneidade do sujeito que utiliza essa ferramenta no seu tempo. Logo, no tempo “atual” a ideia de “acumular” informações não se torna valido, basicamente pelo fácil acesso à imensidão de conteúdo que determina a escolha e livre decisão de “importar” somente aquela possuidora de significado.
O significado no processo de aprendizagem digital é delimitado pela “construção” do conhecimento por meio da relação entre teoria e prática, sendo a sensibilização de determinado conteúdo e sua posterior vivência. O meio digital possibilita ambas as estruturas citadas, utilizando-se do acesso facilitado aos ambientes virtuais de troca e reflexão sobre ideias, bem como aqueles de realidade alternativa que estruturam a significância do processo.
Dessa forma caro leitor, espero que o tenha sensibilizado sobre a ocorrência da aprendizagem digital, estimulando-o a aprofundar seu conhecimento sobre o tema e a desenvolver conjeturas contemporâneas sobre a significância daquilo de é apreendido em sua vida. A aprendizagem não ocorre somente em espaços formais de escolas ou universidades, e sim diariamente, nas vivências e trocas que desenvolvemos entre seres viventes no mundo.
Sobre o autor:
*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia
COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP
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